entrevista covid sie1Telmo Fernandes
Eng.º Responsável pelas Instalações Técnicas - Serviço de Instalações de Equipamentos

1. Neste último ano, quais foram os principais desafios que enfrentou?  
Manter um Serviço de Instalações e Equipamentos (SIE) em funcionamento requer uma resiliência muito grande em situações normais, se acrescentarmos uma pandemia tudo se torna mais complicado pois sendo um serviço transversal ao Hospital é muito solicitado com as constantes alterações pedidas pelos serviços clínicos e de apoio para dar resposta adequada e atempada à mesma.  
Os principais desafios foram:
- Evitar que os profissionais se infetassem, por forma a manter os níveis de resposta em tempo útil e garantir a permanência de um eletricista e de um fogueiro 24 horas por dia, 7 dias por semana;
- Manter as empreitadas em curso e ajustar os trabalhos das mesmas em serviços críticos como as urgências e Bloco Operatório;
- Promover e arranjar soluções técnicas que permitissem precaver e mitigar o risco de contaminação nos diferentes serviços;
- Garantir o fornecimento contínuo de oxigénio medicinal, uma vez que o seu consumo triplicou e as instalações do Hospital de Nossa Senhora do Rosário, tal como na maioria dos Hospitais, não estavam preparados para esta sobrecarga de consumo. Neste ponto teremos também de agradecer aos Serviços Farmacêuticos e ao fornecedor de Gases Medicinais, Gasin, que tudo fizeram para evitar a rotura de fornecimento de oxigénio medicinal.

2. Alguma vez sentiu medo de ser infetado?
Medo existe sempre, mas o importante é manter os cuidados necessários para evitar a contaminação. O mesmo se estendeu a todos os profissionais do serviço. Com o passar do tempo, e as constantes intervenções nas Áreas Dedicadas a Doentes Respiratórios (ADR), constatou-se um maior à-vontade por parte da maioria dos profissionais dos SIE em trabalhar nestas áreas.

3. No âmbito da atividade profissional que desenvolve, que aprendizagens retira desta nova realidade?  
Cada vez mais se necessita de planear quer a intervenção ao nível da manutenção, quer ao nível das intervenções estruturais nos serviços. Não se pode andar a fazer intervenções sem um fio condutor e é preciso que todos entendam isto, pois os serviços não funcionam isolados.
Constatou-se também a necessidade de um reforço do corpo técnico existente, bem como dos seus conhecimentos técnicos, que permitam uma rápida intervenção nas mais variadas áreas técnicas, em situações como as vividas durante a pandemia.

4. Em algum momento sentiu que o seu trabalho foi reconhecido por outros colegas ou pessoas externas à Instituição?
Não é objetivo dos serviços estarem à espera de reconhecimento pelo que não é isso que nos deve mover, mas sim fazer o que é da nossa responsabilidade. Penso, no entanto, que a maioria dos serviços reconhece os trabalhos realizados pelos SIE, que mesmo com algumas limitações que são conhecidas, sempre deu o seu melhor, pelo que desde já agradeço a todos os técnicos e pessoal administrativo dos SIE que responderam com a máxima prontidão e disponibilidade.

5. Passado um ano de vivência pandémica, sente mais orgulho na profissão que exerce?
Penso que o importante é fazermos o que gostamos e de dar o máximo pela instituição que representamos. Só assim poderemos sentir orgulho na nossa profissão. Em todas as instituições que trabalhei sempre dei o meu melhor, na esperança de transmitir esta mesma filosofia aos meus colegas/colaboradores.

6. Numa palavra, como descreve o primeiro ano da pandemia? 
Desafiante.

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