O último ano foi marcado pela incerteza, pelo medo do desconhecido e pela esperança de regressar à normalidade. O novo coronavírus SARS-CoV-2 atingiu o mundo com uma nova realidade obrigando os cuidados de saúde a adaptarem-se rapidamente a esta nova doença, a COVID-19. O Centro Hospitalar Barreiro Montijo (CHBM) tem desenvolvido todos os esforços para combater este vírus, mantendo-se sempre em constante atualização e adaptação, de acordo com os desafios que vão surgindo.
Devido às suas características, tornou-se prioritário assegurar que os equipamentos fundamentais na prevenção e combate ao novo coronavírus estariam sempre disponíveis para os profissionais de saúde prestarem os melhores cuidados em segurança. O Equipamento de Proteção Individual (EPI) é um dos elementos essenciais e só a sua adequada utilização pode garantir, simultaneamente, a total proteção e segurança do profissional de saúde.
Com a necessidade exponencial de utilizar estes EPI, registou-se um grande aumento no consumo dos seus componentes. No que diz respeito a máscaras, neste último ano, foram utilizadas mais de 440.000 máscaras PFF2 e mais de 390.000 máscaras cirúrgicas, consumindo-se em média, por mês, mais de 32.000 unidades de PFF2 e mais de 36.000 máscaras cirúrgicas. Só em luvas o CHBM adquiriu mais de 6.000.000 de unidades e em batas de proteção mais de 155.000 unidades. Verificou-se ainda a necessidade de comprar equipamentos que anteriormente não eram necessários, como os fatos integrais, as cogulas e os cobre-botas. Nos últimos doze meses, e contando apenas com o aumento da utilização de EPI, o Centro Hospitalar gastou mais de 1.800.000 €.
Foram, ainda, adquiridos vários equipamentos para reforçar a nossa capacidade de intervenção em relação a esta doença, de que são exemplo um equipamento de RX portátil, vários monitores multiparâmetros e 6 ventiladores. De destacar a aquisição de materiais e equipamentos para o serviço de Patologia Clínica, mais concretamente na área da Biologia Molecular, que permitiram passar a realizar internamente testes ao vírus SARS-CoV-2, evitando os acrescidos tempos de espera pelos resultados, que se observava quando estes eram encaminhados para entidades externas. A par destas adaptações, o Centro Hospitalar realizou, ao longo do último ano, várias intervenções com o objetivo de melhorar as condições de segurança dos cuidados prestados e, sempre que necessário e possível, a autonomização dos circuitos de atendimento e tratamento de doentes COVID/não COVID.
De salientar, a instalação de acrílicos nas zonas de atendimento; a colocação de vidros nas portas dos quartos/enfermarias, que permitem a observação a doentes internados em zonas COVID; a colocação de dispensadores de álcool gel nas zonas críticas do edifício; a sinalização das áreas de circulação; o reforço da rede de gases medicinais de forma a suportar o exponencial consumo de oxigénio; e a disponibilização de quartos com pressão negativa na Pediatria e Bloco de Partos.
Além destes ajustes, é de destacar ainda a criação de uma pré-triagem e a divisão de circuitos nas Urgências, a ampliação do Bloco de Partos e a obra, que ainda decorre, na Urgência Geral que permitirá criar circuitos distintos para doentes COVID/não COVID. Todas as intervenções realizadas e equipamentos adquiridos ao longo deste último ano traduzem-se num investimento de mais de 3.000.000 €.
Não esquecendo que, por muitos equipamentos e materiais que se adquiram, quem verdadeiramente cuida dos doentes são os profissionais de saúde. Entre março de 2020 e fevereiro de 2021 foram contratados 174 profissionais de várias categorias profissionais, como forma de melhorar a qualidade dos cuidados de saúde e aumentar a segurança dos utentes.
O CHBM internou o primeiro doente positivo para COVID-19 a 12 de março de 2020. Desde então, até ao dia 16 de março de 2021 estiveram internados mais de 1.200 doentes infetados pelo vírus SARS-Cov-2. Numa fase inicial estavam alocadas 29 camas aos doentes com esta patologia, tendo oscilado conforme as necessidades e a evolução da pandemia, atingindo o número máximo de 154 camas em enfermaria. O pico máximo de doentes internados aconteceu a 2 de fevereiro de 2021, com 159 doentes internados (154 em enfermaria e 5 em UCI). Atualmente o CHBM regressou ao número inicial de 29 camas para doentes COVID-19.
Como consequência de priorizar a atenção aos doentes COVID-19, situação expetável nesta e noutras unidades hospitalares do Serviço Nacional de Saúde (SNS), a restante atividade programada foi reduzida e, consequentemente, as listas de espera e os tempos médios de espera aumentaram, quer na consulta, quer relativamente à atividade cirúrgica. Apesar do decréscimo registado, foram realizadas 148.580 consultas médicas, intervencionados 5.116 doentes e realizadas 20.885 sessões de Hospital de Dia.
Atentos à redução da pressão assistencial verificada nos últimos dois meses, pela melhoria das condições epidemiológicas associadas à COVID-19, iniciou-se um processo de novo reequilíbrio interno, deslocalizando recursos humanos e reafectando infraestruturas para o tratamento de doentes não COVID, com o objetivo de retomar, o mais rapidamente possível, os níveis de atividade assistencial registados em 2019. Para o efeito, começou já um programa de incentivo à realização da atividade cirúrgica adicional; a consolidação de um projeto de telemedicina com o qual se pretende aumentar o número de consultas externas; uma aposta nos cuidados hospitalares realizados no domicílio do doente (hospitalização domiciliária) e, ainda, a implementação de estruturas que permitem desenvolver atividade cirúrgica em regime de ambulatório que, neste momento, passou a ser realizada nas duas unidades hospitalares (Hospital do Barreiro e Hospital do Montijo).
A pandemia COVID-19 trouxe também um grande sentimento de união, não só entre profissionais de saúde, mas também por parte da comunidade, que se uniu para apoiar o CHBM. Várias entidades externas e elementos individuais da comunidade colaboraram com donativos, não só de equipamentos, mas também de bens alimentares, que serviram de ânimo em momentos mais difíceis. São exemplos disso os ventiladores oferecidos pela Câmara Municipal do Barreiro, pela Fundação Galp e pela ACSS; os testes de despiste à COVID-19 e os equipamentos de proteção individual cedidos pela Câmara Municipal do Montijo; ou as cadeiras de rodas doadas pela Baía do Tejo.
O CHBM irá continuar a desenvolver todos os esforços por forma a garantir os melhores cuidados prestados aos utentes e a segurança das condições de trabalho dos seus profissionais. Juntos cuidamos!