O Desafio Gulbenkian foi implementado em 2015 em 12 centros hospitalares, um dos quais o CHBM. Para o Coordenador do Grupo de Coordenação Local do Programa de Prevenção e Controlo da Infeção e Resistência aos Antimicrobianos (GCL-PPCIRA) do CHBM, Dr. Paulo André Fernandes, que é também o responsável pela equipa “Stop Infeção Hospitalar” nesta instituição, “terminámos com sucesso a nossa participação no Programa, desenvolvendo todas as ações necessárias e cumprindo todos os requisitos exigidos”.
Ao longo dos últimos 3 anos, foram desenvolvidas no CHBM atividades de prevenção da transmissão de quatro tipos de infeções no Hospital: pneumonia associada a intubação endotraqueal; bacteriemia relacionada com cateter venoso central; infeção urinária associada a cateter vesical (algália); e infeção do local cirúrgico na cirurgia colo-retal e na cirurgia de prótese da anca e joelho.
Na infeção urinária associada a cateter vesical (algália) registou-se uma redução de 58% das infeções; enquanto que na infeção do local cirúrgico na cirurgia colo-retal uma diminuição de 41%. Relativamente a esta última, o desafio não foi superado, quer a nível local, quer a nível nacional, contudo o progresso foi muito significativo, tendo o CHBM atingido um resultado superior à média dos hospitais participantes.
Nos restantes tipos de infeção apurou-se no inicio do Programa que são muito raras, tendo o critério de monitorização sido alterado de número de infeções para dias de exposição ao risco de infeção. Assim, na bacteriemia relacionada com cateter venoso central o CHBM registou zero infeções após 1765 dias de presença de cateter; na pneumonia associada à intubação endotraqueal registou zero infeções após 973 dias de presença de tubo traqueal; e na infeção do local cirúrgico na cirurgia de prótese da anca e joelho registou zero infeções após 160 cirurgias deste tipo.
“A prevenção destas infeções baseou-se no cumprimento diário de conjuntos (feixes) de medidas preventivas, traduzindo as boas práticas de prevenção recomendadas na literatura”, explica o Dr. Paulo André Fernandes. E acrescenta: “O cumprimento destes feixes começou por ser implementado em pequena escala e depois foi generalizado aos serviços participantes, que foram a Unidade de Cuidados Intensivos, a Cirurgia, a Ortopedia, o Bloco Operatório e a Medicina Interna”. As medidas implementadas foram monitorizadas através do registo de múltiplos indicadores numa plataforma informática e reportadas mensalmente à coordenação do projeto.
Terminado o Desafio Gulbenkian, este projeto passa agora a estar integrado no GCL-PPCIRA, que continuará a desenvolver atividades idênticas às realizadas até ao momento, com o objetivo de continuar a reduzir o número de infeções adquiridas no Hospital. As medidas implementadas nos serviços que fizeram parte deste desafio serão agora alargadas a todos os serviços clínicos do CHBM. Esta equipa irá ainda apoiar a implementação deste Programa noutros hospitais da região que não participaram no Desafio Gulbenkian, o que, segundo o Dr. Paulo André Fernandes, já começou a ser feito.
“O combate às infeções nosocomiais constitui um desafio da governação dos hospitais que importa assumir, tendo em consideração não só o impacto financeiro que decorre do tratamento das mesmas, mas, mais importante que tudo, as co-morbilidades que lhe estão associadas e que prejudicam significativamente o estado clínico dos doentes. Assim, este tema merece a atenção de todos os profissionais e exige a adoção de procedimentos rigorosos, mas, com frequência, de simples execução, como é o caso da correta lavagem das mãos. Este projeto é bem demonstrativo dos resultados que é possível alcançar com o envolvimento e empenho dos profissionais, estando a equipa do CHBM de parabéns pelos resultados alcançados”, refere o Presidente do Conselho de Administração, Dr. Pedro Lopes.